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Curiosidades paternais do tipo national geographic

por Inês Teotónio Pereira, em 01.03.10

Todos os fins-de-semana encontramos nos vários Macdonalds milhares de pais divorciados a alimentarem as suas crias. É um ritual que os homens enquanto pais separados que têm a seu cargo os filhos de quinze em quinze dias, cumprem escrupulosamente desde o inicio dos tempos deste franchising. É especialmente ao domingo que este movimento migratório em busca de alimento se verifica com maior intensidade.

Ao entardecer, quando a hora da entrega das crias às mães se aproxima, os machos adultos, iniciam uma viagem vagarosa formando extensas filas de trânsito, fazendo horas para que a hora chegue, enquanto as crias se guerreiam nos bancos de trás do carro. 

Por vezes, os machos recentemente divorciados preferem programas educativos, que se tornam rapidamente repetitivos, como visitas ao Oceanário, jardim zoológico, etc. Mas a insistência neste programas pode provocar a revolta das crias, que preferiam ficar em casa a ver televisão e a jogar consola do que ver o mesmo leão marinho duas vezes por mês.

A antiguidade do pai divorciado avalia-se, por isso, pela sua presença no cinema - que garante programas diversificados - ou pela escassez de programas ao ar livre que faz com os seus filhos. A alimentação mantém-se, no entanto, constante: é sempre fora.

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publicado às 18:01


7 comentários

De Elisabete Martins a 01.03.2010 às 23:34

Espectacular este post!
Parabéns! Amei!
Beijinhos,
Beta & Co.

De Paulo Conceição a 02.03.2010 às 13:00

Sigo regularmente o seu blog que me faz rir bastante com as tiradas dos seus filhos. Porém, desta vez, e como pai divorciado, não poderia estar mais em desacordo com esta generalização, que interpreto (ou assumo) como propositadamente exagerada.
Tenho uma filha de quase 5 anos que nunca provou MacDonalds e que adora todos os cozinhados que o pai lhe prepara durante cada semana que passamos juntos. E reforço, passamos uma semana juntos de 15 em 15 dias e não um mísero fim-de-semana a cada 15 dias
Quanto às diversões pai/filha há tanto para fazer que não é preciso repetir os típicos programas infantis que de podem efectivamente tornar repetitivos. Mesmo que não se possa sair de casa há muito para fazer para passar tempo de qualidade com os nossos filhos.
Mais uma vez, e a não ser que seja de forma declaradamente intencional, é sempre arriscado generalizar.

De Inês Teotónio Pereira a 02.03.2010 às 13:22

Claro que é manifestamente e propositadamente exagerada. Senão não tinha graça nenhuma. Quanto a ser generalizada, claro que é. Mas sem fundamento nenhum. É só porque acho, porque tenho essa ideia, esse preconceito . E não sei se há estudos sobre o assunto.
Obrigada pelo seu comentário

De Calimero a 02.03.2010 às 11:26

Deixei,te uma nomeaçao no meu blog..

Beijinhos..

De MCF a 02.03.2010 às 12:55

São estereótipos como esses que demonstram que, neste país, a igualdade entre homens e mulheres é uma coisa que as mulheres acham que é unidireccional.

Infelizmente ainda vivemos numa sociedade que tende a ver o papel do pai, em caso de divórcio, como diminuido em relação ao da mãe. Uma espécie de sanção acessória por ter decidido que não queria continuar casado. Os tribunais atribuem sistematicamente tutela às mães e direitos de visita aos pais. O normal não seria a guarda conjunta?

Não lhe ocorreu pensar quantos desses pais gostariam de ter o resto? Os banhos e os trabalhos de casa, o escolher os ingredientes e fazer o jantar em conjunto, o ler um livro ou ir a um museu, o viajar, em suma, o descobrir o mundo em conjunto, o ajudar a crescer, o ser Pai. Mesmo.

Concedo que o "boneco" é bem apanhado. Já a suposição daí para a frente ( ofazer horas para "despejar" a maçada) é fruto de estereótipos mal resolvidos. Eu pessoalmente deixei de jantar fora com a minha filha às 4.ºas feiras pela mesma razão. Mas porque felizmente tenho com ela uma vivência que vai para além das 4.as à noite e fins-de-semana alternados. "Privilégio" pelo qual penei em negociações com a ex-cônjuge, que nos tribunais nunca conseguiria obter.

E isso sim é capaz de valer a pena falar. Ou não convém?

De Inês Teotónio Pereira a 02.03.2010 às 15:47

mas a minha pretensão era só de "apanhar bem o boneco", a sério. Longe de mim elaborar estudos aprofundados sobre esta matéria. Quando quiser fazer isso, elaboro uma tese. coisa que nunca farei. Obrigada pelo seu comentário

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A Um Metro do Chão o mundo está cheio de pernas e tem de se olhar para cima para ver o céu - o que faz toda a diferença. O preto é mesmo preto e o branco é branco. As coisas são todas assustadoramente concretas e ninguém aceita argumentos, só respostas. Não é um mundo melhor, pior ou mais verdadeiro; é apenas diferente, apesar de ser o mesmo. Este blogue é sobre isso. E sobre uma coisinha ou outra que pode não ter nada a ver.

Autora

Inês Teotónio Pereira
iteotoniopereira@gmail.com
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