Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



...

por Inês Teotónio Pereira, em 14.03.11

 

Enrascados, por Tiago Moreira Ramalho

 

Parece que a minha geração está à rasca. Tal como estava a anterior e a anterior e a anterior à anterior. Não aprendeu ainda essa elementar lição: nunca deixaremos de estar, pelo menos no nosso entendimento, à rasca.

De qualquer modo, é sempre bom analisar o enrascamento da minha geração. A minha geração enrascada é a geração que produz centenas de antropólogos todos os anos, outras centenas de arqueólogos, mais uma pilha de sociólogos, três camionetas de psicólogos além dos já habituais nas artes plásticas e afins. Leitor, que não seja eu acusado de menorizar estas tão excelentes áreas do saber. Longe de mim, que sou essencialmente amigo de toda a gente. Não pode é o antropólogo querer fazer escavações no Vale do Cávado só porque sim. Não pode é o artista plástico exigir que lhe arranjem um emprego se não há necessidade de artistas plásticos. Não pode é o psicólogo querer doentes se os não há em quantidade.

A geração que está à rasca é, essencialmente, a geração que se deixou enrascar. E agora só tem um remédio: adaptar-se. Porque não vai haver doentes para os psicólogos, não vai haver institutos de investigação para os antropólogos e por aí fora. Ou é isso, ou é call center. Não é por mal, mas é mesmo assim.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 13:57


8 comentários

De Ativo a 16.03.2011 às 16:29

O problema não foi tirar cursos de arqueologia/psicologia/artes e não ter trabalho, foi a vontade ficar bem nas estatísticas sem como encaminhar os licenciados.

Temos trabalho para todos, não temos é ninguém que tenha vontade de nos pôr a trabalhar. É importante saber empreender, lutar e tudo mais, mas também é preciso que haja vontade dos governantes.

Quando aos arqueólogos , devemos ser das cidades da Europa com mais coisas para "escavar"; os psicólogos têm muitos lugares como já foi referido; as artes é que são mais complicadas porque nunca ninguém valoriza a criatividade. É por isso que continuamos um país cheio de retrógrados.



http://fusivelativo.blogspot.com/

Comentar post



A Um Metro do Chão o mundo está cheio de pernas e tem de se olhar para cima para ver o céu - o que faz toda a diferença. O preto é mesmo preto e o branco é branco. As coisas são todas assustadoramente concretas e ninguém aceita argumentos, só respostas. Não é um mundo melhor, pior ou mais verdadeiro; é apenas diferente, apesar de ser o mesmo. Este blogue é sobre isso. E sobre uma coisinha ou outra que pode não ter nada a ver.

Autora

Inês Teotónio Pereira
iteotoniopereira@gmail.com
ver perfil

Livros da mãe





Pesquisar

  Pesquisar no Blog