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Jogos a sério

por Inês Teotónio Pereira, em 29.05.14

Há um jogo chamado GTA (Grand Theft Auto) que todos os miúdos jogam apesar de ser para maiores de 18 anos. Basicamente, o jogo consiste em assumir um personagem que é um criminoso especialista em violência, tráfico de drogas, assassinato, prostituição etc. que vai cumprindo missões de todo o tipo. O GTA, que é de um realismo exemplar, é um dos mais rentáveis da história dos videogames. Claro que os 18 anos indicados na caixa são meramente indicativos e pelo que eu percebi estas classificações existem apenas para indicar o grau de complexidade do jogo e nada mais.  

Os meus filhos sonham em ter o GTA mas eu não os deixo sequer jogar ao GTA. No outro dia um deles, que nem 10 anos tem, insistiu: 

- Mas porque é que eu não posso ter o GTA se quase todos os meus amigos têm? 

Respondeu o mais velho que já há muito tempo deixou de o pedir: 

- Aquilo é muito violento e até tem cenas de sexo. 

- Sexo? O que é isso?! Eu só quero matar as pessoas...

Já perdi algum tempo com este jogo para perceber o que estou a proibir. É tudo mau, acreditem. Muitíssimo bem feito, mas muito mau. Deprimente até. Nós pais perdemos pouco tempo com este mundo por onde os nossos filhos andam: pagamos em GTAs para os ter calados, entretidos e na moda.

Experimentem jogar a este jogo durante duas horas e depois tentem dormir. Dez cafés não fazem o mesmo efeito. Não acho que os miúdos fiquem deliquentes por jogarem a estes jogos, mas tenho a certeza que grande parte da sua inocência perde-se ali. Brincar com aquele nível de violência não pode ser considerado uma brincadeira para crianças que nem sequer sabem andar de autocarro sozinhos. Ao pé do GTA o jogo com o sugestivo título Assassin's Creed - que demorou anos para entrar em minha casa - até é bastante didático: 

- Mãe, já não preciso de estudar a Revolução Americana: sei tudo sobre o Boston Tea Party, até tive num dos navios que deitou o chá ao mar no Assassin's Creed! 

Tenho a certeza que era muito mais fácil educar filhos no tempo em que as imitações das armas de brincar é que eram realistas e não a violência. 

 

 

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publicado às 15:12


1 comentário

De Teresa Rei Barata a 29.05.2014 às 17:10

Entendo-a perfeitamente. O meu filho do meio houve uma altura que tinha pesadelos frequentemente e constatei que na altura ele passava tempo demais "no GTA". Certo é que com a proibição do jogo as noites passaram a ser muito mais tranquilas. É verdade que é só um jogo, mas mexe de alguma maneira com eles.
Parabéns pelo blog. Identifico-me com tantas situações.

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A Um Metro do Chão o mundo está cheio de pernas e tem de se olhar para cima para ver o céu - o que faz toda a diferença. O preto é mesmo preto e o branco é branco. As coisas são todas assustadoramente concretas e ninguém aceita argumentos, só respostas. Não é um mundo melhor, pior ou mais verdadeiro; é apenas diferente, apesar de ser o mesmo. Este blogue é sobre isso. E sobre uma coisinha ou outra que pode não ter nada a ver.

Autora

Inês Teotónio Pereira
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