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Asfixia sexual

por Inês Teotónio Pereira, em 14.06.10

No i do fim-de-semana

 

O Estado insiste em entrar por minha casa a dentro. E já nem bate à porta: tem chave. Qualquer dia instala-se, põe os pés em cima da mesa, monopoliza o comando, manda vir uma piza e dá ordens ao meu cão.
O Estado insiste em dar educação sexual aos meus filhos e encomendou o serviço a uma associação qualquer sem me perguntar se quero. Devem achar que não dou conta do recado, que não sei. Cheira- -lhes. Têm um dedinho que advinha, uma pulga atrás da orelha, foi um passarinho que lhes soprou ao ouvido. Qualquer coisa. Pergunto: porquê? Conhecem-me de algum lado? Já agora, podiam fazer uma rusga pelo país para averiguar se os meninos comem a sopa em vez de gomas, ou se lêem os livros correctos, ou se lavam os dentes e as mãos. Podiam mesmo criar o Ministério do Grande Educador. Mas o defeito deve ser meu: esta crença cega na Liberdade e na Democracia condiciona-me o raciocínio. Sendo eu uma perigosa democrata, acho que ninguém tem nada a ver com a educação sexual dos meus filhos, nem com a sua educação religiosa ou política. Muito menos o Estado, que não percebe patavina do assunto.
Uma das coisas mais irritantes da esquerda é esta mania alcoviteira de se meter na vida dos outros. Que seria apenas irritante se não houvesse poder à mistura. Mas há, o que a torna asfixiante e até perigosa. O resultado desta aventura da educação sexual é que a liberdade de escolha é só para os ricos. Os outros são obrigados a educar os filhos a meias com pessoas que não conhecem de lado nenhum. O Estado é que sabe. É a esquerda, pá.

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publicado às 00:50


10 comentários

De DC a 17.06.2010 às 17:41

Não tem nada a ver com esquerdas nem com socialismos.

Já que aceitamos a pressão formante da sociedade (escola) como preparação e ferramenta de subsistência futura (emprego), também devemos aceitá-la como um espaço de formação social para um futuro mais informado, igualitário e equilibrado.

A escola nunca substituirá o papel educativo dos pais nem os seus afectos nem os seus conselhos. Mas os pais têm de assumir que: 1 - não detêm o controlo absoluto do que os filhos aprendem e assimilam todos os dias. 2 - Não estão com os filhos tantas horas como deviam pelo que a maioria das interacções sociais e afectivas se dá na escola. 3 - Não têm a capacidade (e questiono se têm o direito) de tornar os seus filhos cópias morais suas.

Posto isto, envolvam-se com as escolas e tornem-nas centros de debate amplos e inclusivos, em vez de, por exemplo, se dedicarem ao cinismo crónico e à contínua evocação da "Liberdade" que, por estes dias, mais parece uma meretriz, sempre na boca de qualquer e pronta para qualquer combate...

De bla bla bla a 18.06.2010 às 13:32

Que conversa "da treta" . Lá vêm os "espaços amplos de debate" e mais conversa.

"Não têm a capacidade (e questiono se têm o direito) de tornar os seus filhos cópias morais suas. "
O Estado tem o direito??????? de formar cópias morais igualitárias?????????
Eu recuso ao Estado o direito de o fazer. Sem mais conversa. Sem espaço amplo de debate. Sem mais nada. Simplesmente recuso.

Que chachada de conversa. Temos que aturar isto. Não há voos para Cuba e afins.


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A Um Metro do Chão o mundo está cheio de pernas e tem de se olhar para cima para ver o céu - o que faz toda a diferença. O preto é mesmo preto e o branco é branco. As coisas são todas assustadoramente concretas e ninguém aceita argumentos, só respostas. Não é um mundo melhor, pior ou mais verdadeiro; é apenas diferente, apesar de ser o mesmo. Este blogue é sobre isso. E sobre uma coisinha ou outra que pode não ter nada a ver.

Autora

Inês Teotónio Pereira
iteotoniopereira@gmail.com
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